quinta-feira, 26 de julho de 2007

Entrevista e lançamento de livro

Caros amigos.
Desculpem-me por não estar enviando um e-mail personalizado a cada um, mas o tempo não me permite. Todavia a todos vocês envio meu afeto.
Gostaria que soubessem que lancei um novo livro, “Mistérios da Alma”. Ele já se encontra nas livrarias em todo Brasil (preço razoável de R$ 19,90).
Peço, a todos os que gostarem do livro que o divulguem.
Minhas melhores saudações.
Luiz Alberto Py

Para os feridos pelo amor.

Conselhos sobre a perda para os ‘feridos pelo amor”
“Sempre haverá no futuro a possibilidade de um novo amor e é necessário estar preparado para receber essa dádiva preciosa.”

O término da relação com alguém especialmente amado gera um arrasador sentimento de perda. A impressão é de que a vida perdeu o sentido, a pessoa se sente como se estivesse morta ou morrendo. Certamente alguma coisa lá dentro morreu. Aquele outro se torna uma ausência, uma falta dolorosamente sentida. Em períodos como esse, tenta-se – da maneira que for possível – sobreviver e manter a esperança de um futuro melhor.
A morte é triste e irreversível; porém o fim não desejado de uma história de amor carrega em si um drama maior. Existe uma sensação de fracasso, de derrota e, quase sempre, um vago sentimento de culpa que acompanha a inevitável pergunta: “onde foi que eu errei?” Quando o sentimento de culpa não impera, fica uma noção de impotência e uma idéia dolorosa de estar sendo vítima de uma injustiça: “fiz tudo direito, amei e me comportei bem, fui fiel, não merecia isso”, como se ser amado fosse merecimento.
Muitas vezes perdura a frustrante ilusão de um retorno que não acontece. Lidar com os destroços de um amor encerrado pelo parceiro – em geral, sem que se saiba direito o que aconteceu e como – é uma tarefa penosa, tal qual tentar sobreviver a um naufrágio. A sensação de que as emoções estão mortas dentro de nós nos acompanha o tempo todo.

Mas a vida ressurge. Sempre. Ela é mais forte do que a tristeza: supera o peso da dor e ergue-se impávida. Não cessa e ressurge sempre, mesmo quando parece não haver mais nada. Pode demorar. Quem já passou por isso sabe que um dia todo o sofrimento passa, a tempestade se desfaz, o bom tempo volta e o sol torna a brilhar, a aquecer a alma e a iluminar os caminhos.
Quem ainda não chegou a esse momento pode acreditar: isso passa; pode demorar, mas passa. É preciso manter viva a chama da esperança e acreditar na capacidade de ressurreição do coração arrasado. Sempre haverá no futuro a possibilidade de um novo amor e é necessário estar preparado para receber essa dádiva preciosa. E um dia, por vezes nem tão distante assim, a nova paixão ilumina com seu brilho a alma, como o sol que ressurge e nos aquece após um longo período de mau tempo. Ou como a primavera que rebrota depois de um longo e escuro inverno. A vida se impõe. Sempre.

Debruçando-me sobre esta dolorosa situação, elaborei nove conselhos para quem está sofrendo a dor da perda.

1. Isso passa.
Pode demorar, mas passa. Não se afobe procurando substitutos para a pessoa amada. Leva tempo para estar em condições de encontrar alguém. Se você procurar outra pessoa, esta vai sentir que está sendo uma substituta e não vai aceitar a situação. Além disso, mesmo que ela não perceba, a nova relação vai ficar vinculada à antiga e isso será negativo.

É claro que diferentes situações demoram tempos diferentes e quanto maior o seu envolvimento, maior o tempo necessário para o sofrimento ir embora. E a dor cessa aos poucos, embora muitas vezes seu fim seja percebido subitamente. O mais importante é saber que um dia o padecimento termina porque isto ajuda a suportá-lo.
Quanto à idéia de que não deve haver pressa em procurar substitutos, vale esclarecer que a pressa de se livrar da solidão pode levar a uma nova má escolha. Se você não for seletivo, é provável que a nova pessoa instintivamente sinta sua afobação e rejeite a situação. Além disso, a nova relação vai ficar vinculada à antiga e isso será negativo. É bom quando existe uma clara separação entre dois relacionamentos. Mas muitas vezes acontece o contrário – algumas pessoas ficam presas ao passado e não abrem espaço para um novo amor. Ajuda imaginar que Deus pode estar nos dando o relacionamento fracassado primeiro para melhor valorizarmos aquele vem depois.
Quando uma relação amorosa termina, existe uma carga de sofrimento muito intensa. As pessoas envolvidas carregam consigo os sentimentos de perda, fracasso e de frustração. Quando um foi abandonado pelo outro, leva também – geralmente – uma mágoa com relação ao parceiro. Uma das formas de se superar estas situações penosas consiste em encontrar um novo amor para substituir o antigo e, ao mesmo tempo, reforçar a auto-estima abalada pela separação dolorosa.
Este recurso, embora possa ser eficaz, carrega consigo uma perigosa armadilha. Na medida em que a busca de um novo parceiro amoroso está sendo motivada pela presença da imagem do antigo amor, este se torna uma referência. As novas possibilidades de relacionamento ficam sujeitas a uma constante comparação com a relação anterior e a presença do fantasma desta antiga relação cria uma sombra negativa sobre o futuro. O novo parceiro é vivido como se fosse uma espécie de remédio para o sofrimento e isto também prejudica o novo encontro.
A pessoa que está entrando na vida do outro sente a presença de alguma coisa entre os dois que não faz parte da relação deles. Instintiva e intuitivamente ela se protege e dificilmente abre seu coração inteiramente. Quando não o faz, é porque está também trazendo para este novo relacionamento alguma dificuldade sua. A probabilidade desta situação não ir avante se torna muito grande. A solução é abrir mão de encontrar o substituto de quem foi embora e ficar alerta para evitar lidar com os novos relacionamentos como se fossem tentativas de resolver a situação anterior e tratá-los como devem ser tratados, ou seja, alguma situação inteiramente nova na vida. Somente assim, libertado de todo este passado negativo, o novo amor terá possibilidade de crescer de forma sadia e satisfatória.

2. Você não merece isso.
Ninguém merece, mas muitos, quase todos, passamos pela situação de levar um grande fora. Não torne as coisas piores para você e procure se afastar. Evite mendigar migalhas.

3. É necessário aceitar a realidade.
Parece fácil, mas a aceitação é que nem admitir a morte. Leva tempo e temos que passar antes por estados sucessivos e alternados de negação, revolta (ódio) e depressão até chegarmos à aceitação.

A palavra aceitar tem diversos significados, mas o sentido que nos interessa é o de admitir uma realidade, sem de ela fugir, sem negá-la. Muitas pessoas quando têm uma discordância falam em não admitir. Mas admitir não significa concordar. Concordar e admitir são atitudes diferentes. Ao discordar – ou concordar – estamos estabelecendo nosso julgamento sobre um fato, uma coisa ou pessoa; ao admitir estamos apenas reconhecendo uma realidade. Parece simples, mas a tentação de negar a realidade quando ela é dolorosa se torna enorme e pode lhe levar a assumir, como acontece com muita gente, uma atitude radical de se distanciar dos fatos reais.
Suportar a dor em vez de tentar fugir dela nos ajuda a superá-la. Não é por acaso que o treinamento de artes marciais exige do aluno que se submeta a situações dolorosas. O atleta australiano Derek Clayton quando bateu o recorde da maratona em 1969 falou que a vitória tinha sido fruto de sua coragem para sofrer o que fosse necessário. Referiu-se a um adversário dizendo que o outro era melhor atleta, mas não tinha a mesma aptidão para agüentar a dor. Ele vomitou ao cruzar a linha de chegada e urinou sangue durante uma semana após a corrida. Poucas pessoas têm tal disposição para se tornarem heróis, mas em muitos momentos da vida temos de enfrentar dificuldades que nos trazem sofrimento e a agüentar a dor necessária sem fugir ainda é melhor forma de superar estas situações.
Finalmente, quero lembrar que aceitar significa admitir também que o amor não depende apenas do comportamento do outro, mas de algo imponderável existente dentro de cada um de nós. Por melhor que você seja, isto pode não ser suficiente para preservar o amor em seu parceiro.

4. É preciso perdoar.
O perdão faz bem a quem perdoa; muito mais do que a quem é perdoado. Melhora a raiva e deixa o coração mais leve.

Saber perdoar é uma arte. Como toda arte, pode ser aprendida através de esforço e dedicação ou, como acontece com alguns poucos felizardos, pode ser um dom que se recebe de nascença. Saber perdoar significa ser capaz de estabelecer a diferença entre a absolvição e o perdão. Absolver é admitir que o mal feito não fosse da responsabilidade de quem o praticou, ou que quem está sendo acusado é, de fato, inocente. Absolver é uma questão da Comunidade, da Justiça, da Sociedade como um todo, e não de cada um de nós independentemente. Perdoar é um gesto individual de aceitar que um erro cometido faz parte das fraquezas humanas e de entender aquele que errou como uma pessoa comum capaz de se enganar e ter a nossa simpatia ou, pelo menos, a nossa capacidade de relevar o mal praticado.
A importância de perdoar está no fato de que o perdão faz muito mais bem a quem perdoa do que a quem é perdoado. O perdoado pode se sentir aliviado de seus sentimentos de culpa pelo mal causado, mas quem perdoa conquista muito mais. E por vezes o perdoado nem fica sabendo que o foi... Através do perdão, você se livra do ódio e do rancor que fazem mal à saúde; sua alma se engrandece e seu espírito conquista paz e serenidade.

5. Humildade é importante.
Pense que muita gente passa por coisas muito piores do que perder um parceiro amoroso.

Muitas vezes há um grande aumento da dor da perda causado pela vaidade. O sentimento de estar sendo visto como um fracassado e a sensação de derrota geram um desnecessário acréscimo na dor que já está suficientemente intensa para poder dispensar orgulhos feridos.

6. Preserve o amor dentro de você.
Não deixe que a raiva e a tristeza escondam de você mesmo o amor que você viveu um dia. Lembre-se dos bons momentos e cultive a gratidão por eles. Gratidão e amor fazem bem a gente. Não permita que a separação e a perda o impeçam de preservar o amor que um dia sentiu. Vale mais a pena recordar as agradáveis situações vividas do que ficar sempre se amargurando com os momentos de sofrimento.
Outra forma de preservar o sentimento de amor dentro de nós e estimulá-lo consiste em praticar a caridade. Quando nos falta a fé e a esperança está tão distante, nos resta ainda a maior das virtudes – a caridade. Sempre podemos encontrar alguém a quem podemos ajudar. Disse o santo D. Helder, o arcebispo do bem: “ninguém é tão pobre que não possa dar e ninguém é tão rico que não possa receber”.

7. Faça a eutanásia de sua paixão.
Ajude a matar o sentimento que ainda existe em você e fique apenas com a lembrança, a gratidão (a Deus) pelos momentos felizes e a esperança de novos momentos com uma nova pessoa.
O principal elemento da situação dolorosa é o fato de que a pessoa abandonada continuava, até a separação, amando o outro. Esse amor cria um desequilíbrio afetivo por não ser mais correspondido. Para restaurar o equilíbrio, é necessário que o abandonado se disponha a aceitar a morte deste sentimento e se esforce para dissolver a paixão que ainda sente. Geralmente a raiva provocada pela situação ajuda, mas é importante que a tarefa de encerrar a paixão seja praticada de forma organizada para que o resultado seja satisfatório.
Esta é a eutanásia da paixão. Uma paixão que se tornou inviável precisa ser eliminada para trazer paz ao coração de quem a vive. Não se trata de uma paixão qualquer, mas de um sentimento que foi cultivado e estimulado, por vezes durante muitos anos – talvez a emoção mais importante que a pessoa tenha vivido em sua existência. E é um sentimento que só tem razão de existir se for correspondido. Exterminar um sentimento positivo é muito penoso, significa retirar aos poucos, dia após dia, o valor que foi dado à pessoa que se admirou e de quem se aceitou os defeitos. Só então você terá condições de confiar em sua capacidade de superar a dor da separação e estará livre para amar novamente. Aí haverá espaço para a ressurreição do amor.
Para alguns, esta idéia pode parecer incompatível com a formulação imediatamente anterior. A diferença está no fato de ser o amor uma emoção serena que alimenta nossas almas e deve ser sempre estimulada enquanto a paixão é uma emoção perturbadora que necessita de uma administração cuidadosa. Quando a paixão é rejeitada gera sofrimento, dor e sentimentos negativos e precisa ser banida o mais rapidamente possível de nossa vida. Até mesmo para poder dar espaço para o nascimento de uma nova paixão.
Como a paixão costuma estar alicerçada no amor, é fácil de ser confundida com ele. Mas a grande diferença reside no fato de que enquanto a paixão é cega e se acompanha pela necessidade imperiosa de atender nossos próprios desejos, o amor é sábio e se guia pelas necessidades do outro. O amor se caracteriza pela generosidade, a paixão pelo egoísmo. A paixão desprovida de amor cria perigos e possibilita tragédias. Porém, quando juntos e em harmonia, amor e paixão nos levam a grandes feitos e grandes conquistas.

8. Dê absoluta prioridade ao bem estar dos filhos.
Qualquer decisão ou atitude a tomar, pense no que é melhor para eles.
Nunca se esqueça de pôr seus filhos em primeiro lugar quando estiver lidando com estas questões e com estas dores.

9. Enterrar os mortos, fechar os portos e cuidar dos vivos.
Em 1755, no dia de Todos dos Santos (primeiro de novembro), ocorreu, em Portugal, um violento terremoto, que destruiu grande parte de Lisboa. Na ocasião, o Primeiro Ministro, Marquês de Pombal, enfrentou a catástrofe com o lema: "Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos". Esta formulação simples e direta pode nos ajudar muito. Diversas vezes ocorrem em nossa vida eventos arrasadores. A calamidade é tão grande que por vezes perdemos o discernimento. É a hora de adaptar para a nossa vida a frase do Marquês: "Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos".
Sepultar os mortos significa que não adianta ficar deplorando a tragédia ou se recriminando por ela. É preciso enterrar o passado, parar de pensar sobre o que deveria ter sido e encarar o que está sendo. Cuidar dos vivos representa a importância de tomar conta do presente. Ter cautela com o que sobrou, o que realmente existe. Fazer todo o possível para salvar o que restou do terremoto, valorizando e usufruindo o que há de bom em sua vida. Fechar os portos fala sobre dificultar a possibilidade de que novos problemas apareçam enquanto você estiver “cuidando dos vivos e enterrando os mortos” – sarando as feridas na alma. Significa manter o foco na reconstrução, na cura. É desta forma que a história nos ensina. Por isto, quando enfrentar um terremoto em sua vida, lembre-se das palavras do Marquês e procure enterrar os mortos, fechar os portos e cuidar dos vivos.